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quarta-feira, 10 de abril de 2013

É um romance intimista com forte tom psicológico sobre dramas que vão existir sempre, diz Lya Luft sobre "As Parceiras"

Em entrevista ao caderno Vestibular, autora fala sobre seu romance, que será cobrado na seleção da UFRGS.

Uma das escritoras mais lidas do país, Lya Luft, 74 anos, é a autora contemporânea que figura na lista de leituras obrigatórias para o vestibular de 2014 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em entrevista ao caderno Vestibular, a gaúcha de Santa Cruz do Sul — que diz gostar de escrever sobre "o lado avesso da vida, principalmente a dificuldade do convívio amoroso e familiar, o desencontro, a solidão" — fala sobre o romance As Parceiras (1980), que poderá ser tema de questão na prova de literatura.



Vestibular — As Parceiras é um livro de 1980, que retrata um universo feminino composto de dores e frustrações resultantes do domínio social masculino. Trinta e três anos depois da publicação, o que mudou e o que segue igual para as mulheres?

Lya Luft — É um livro muito atual, as coisas continuam iguais. A narradora escreve a história da sua avó — duas gerações antes dela —, que se casou aos 14 anos, que sequer sabia de onde vinham os bebês. Isso, hoje, é uma aberração, claro. A meninada sabe mais do que nós. Mas, para aquela narradora, era uma coisa real. Tirando esse detalhe concreto, muito daquela realidade ainda existe. Mesmo a meninada de hoje, que transa com mais naturalidade, também tem lá seus traumas, porque você não vive uma vida sexual precoce sem que ela deixe suas marcas. Apenas essa figura da avó é uma coisa completamente anacrônica. Existia quando eu era menina. Mas o drama humano não muda muito. Muda o contexto cultural, sociológico, mas a solidão e o sofrimento do feminino diante de um homem prepotente ainda existem em qualquer classe social.

Vestibular — A trama de As Parceiras traz uma narradora que remonta lembranças da infância e da história de outras mulheres da família, criando um "eu feminino" que se compreende enquanto resultado de restrições e frustrações. Atualmente, as mulheres são o resultado de escolhas que tomam livremente?

Lya — Algumas coisas desse livro são diferentes agora. Mas não acho que a chamada independência feminina seja um assunto já resolvido. Ainda há muita insegurança, dificuldades com a mulher empreendedora, a mulher que ganha mais do que o marido, a mulher que se destaca. Porém, o livro não trata propriamente disso. O problema ali não é econômico, social. É um romance intimista com forte tom psicológico sobre dramas que vão existir sempre. É uma família de perdedoras.

Vestibular — As mulheres da história são facilmente identificadas como parceiras. Que outras parcerias se estabelecem na narrativa?

Lya — A trama tem dois planos. Primeiro, as parceiras são as duas velhinhas caspentas jogando xadrez com a vida humana. São a vida e a morte. No primeiro plano, são as parceiras que jogam dados com a vida humana. Em segundo plano, são todas as mulheres disso que eu chamo de família de perdedoras. São parceiras de um jogo em que todo mundo perde. Então, são dois planos: um mais metafórico e um mais real.

Vestibular — Depois de publicada, a obra recebe comentários, pareceres, análises. Existe algo que se diz a respeito de As Parceiras que lhe surpreenda ou que a senhora não enxerga no texto?

Lya — A gente não enxerga bem o próprio texto. Não sou daqueles autores que pensam racionalmente, que teorizam sobre a própria obra. Escrevo muito por intuição e instinto. O racional em mim sempre foi fraco. O forte em mim — e só descobri isso já mulher madura — é a fantasia.

Vestibular — Existe alguma diferença entre o leitor vestibulando e o leitor comum, que lê o livro pelo prazer da leitura, não por uma necessidade momentânea?

Lya — O vestibulando está numa situação muito neurótica. Todo mundo ao redor dele está neurótico, os professores, o cursinho, os pais. Se tu vais ler para o vestibular, vais fazer isso em meio a uma porção de outros deveres e obrigações muito tensos. É diferente de quem lê pelo prazer. É uma situação atípica.

Vestibular — Existe uma "literatura feminina"?

Lya — Isso é uma besteira. Uma bobagem de rótulo. Espero não ser uma mulher que escreve sobre mulheres para mulheres. Em todos os meus romances, há personagens masculinos fortes, mesmo que sejam homens fracos. São personagens insistentes, persistentes. Nunca me ocorreu escrever para mulheres, mas a gente pega esses rótulos e, aí, tem de ignorar para não se aborrecer. Claro que é mais fácil para eu me meter na pele de uma personagem mulher porque sou uma mulher, mas o ficcionista tem a obrigação também de se meter na pele do homem.

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